quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Sobre HIV e Aids; dúvidas e respostas




Psicólogo e Sexólogo Paulo Bonanca
www.paulobonanca.com

1. Aids e HIV

A Aids existe mesmo?
Sim. A Aids não é uma invenção da imprensa. É uma doença relativamente nova, conhecida desde a década de 80, que já provocou milhares de mortes no mundo inteiro.

O que é a Aids e o que a provoca?
Aids (em inglês) ou Sida (em português) quer dizer: Síndrome (conjunto de sinais e sintomas) da Imuno (termo relativo ao sistema imunológico do corpo, a defesa contra os germes) Deficiência (enfraquecimento) Adquirida (não hereditária). Ela é causada pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH, em português, ou HIV, em inglês), que entra no corpo e, após um período de tempo, destrói o sistema imunológico do organismo.

Uma pessoa tem aids quando o vírus já causou dano suficiente ao sistema imunológico, permitindo que outras infecções e alguns tipos de câncer se desenvolvam. Essas doenças debilitam a pessoa.

Qual é a origem da Aids?
Existem muitas hipóteses sobre o surgimento da aids, da criação em laboratório ao uso de sangue de macaco em rituais.

O certo é que ela foi registrada primeiramente nos Estados Unidos, no início da década de 80 (1981), a partir do surgimento de doenças graves, como sarcoma de Kaposi e pneumonia por Pneumocystis carinii, e diminuição das defesas do organismo em pacientes do sexo masculino com comportamento homossexual.
Em 1983 foi identificado o agente que causava essas manifestações, hoje conhecido como vírus da imunodeficiência humana, HIV.

Sabe-se que o HIV é um retrovírus, da mesma família do SIV, ou vírus da imunodeficiência dos símios, que acomete o macaco-verde, que vive na África. É improvável que tenha havido uma mutação (transformação) do vírus do macaco (SIV) para o vírus que acomete os humanos (HIV). A teoria mais aceitável é que os dois tipos de vírus evoluíram de uma origem comum.

O que é o HIV?
O HIV, como diversos tipos de vírus, é muito pequeno, pequeno demais para ser visto através de um microscópio comum. Os outros vírus causam todo tipo de doença, de gripe a herpes, passando por sarampo, rubéola, poliomielite e até alguns tipos de câncer. Existem dois grupos de HIV, o 1 e o 2, e vários subgrupos.

Como o HIV entra no corpo humano?
Para entrar no corpo humano o HIV precisa utilizar as chamadas "portas de entrada", que são vias de acesso que permitem que o vírus penetre na corrente sangüínea de outra pessoa. Essas vias de acesso podem surgir durante as relações sexuais, pelo uso de agulhas e seringas contaminadas, por meio de feridas ou cortes em pele ou mucosas, pelo recebimento de sangue contaminado (a doação de sangue não traz risco algum).

Para se reproduzir, o HIV deve entrar em uma célula do organismo neste caso, uma célula do sistema de defesa. Ele interfere no funcionamento das células que nos protegem contra infecções. E deixa o organismo indefeso, sem proteção contra alguns tipos de doença que essas células geralmente combatem.

O HIV tem uma vida muito curta fora do corpo humano. Devido a esse fato, ao sair do corpo de uma pessoa ele precisa entrar rapidamente no de outra para sobreviver e continuar se multiplicando.

Como o HIV causa a diminuição das defesas do organismo?
Cada vírus tem "afinidade" por um tipo de célula para se instalar e se multiplicar. Por exemplo: o vírus que causa hepatite tem afinidade pelas células do fígado, o que provoca caxumba, pelas glândulas parótidas e o HIV sente uma "atração" especial pelo linfócito T, célula do sangue que é responsável pelo comando do sistema imunológico (sistema de defesa). Ele também tem atração pelos monócitos (outras células do sangue) e pelas células do sistema nervoso.

Para se reproduzir, o HIV entra no linfócito T, auxiliado por uma proteína chamada CD4, que se encontra em volta da célula.

A proteína CD4 abre a passagem para que o HIV entre no linfócito. Após penetrar no linfócito, o HIV transformado em fábrica de novos vírus. Depois de produzir os novos vírus, os linfócitos são destruídos e os vírus, liberados, o que permite que ataquem outros linfócitos.

Como muitos linfócitos são destruídos para que os vírus se multipliquem, o sistema de defesa se desequilibra e enfraquece, deixando o organismo sem condição de reconhecer os agentes invasores.

Quais são os primeiros sintomas da Aids?
Após o contágio é possível que se passem até mais de dez anos sem que apareça nenhum sintoma. Porém, quando a doença começa a se manifestar, os primeiros sintomas mais freqüentes são:

• Sudorese noturna: suor intenso durante a noite.
• Febre diária: pode não ser muito alta (até 38 graus), porém aparece todos os dias.
• Cansaço: sensação constante de cansaço, mesmo estando em repouso.
• Diarréia: que não pára com nada e pode durar muito tempo.
• Gânglios: ínguas embaixo do braço, no pescoço e na virilha, que podem durar muito tempo.

Mas atenção! Como se pode ver, estes sintomas e sinais são comuns a muitas doenças. É fundamental que um médico seja consultado para esclarecer quaisquer dúvidas.

O que são doenças oportunistas?
As infecções que se desenvolvem porque o HIV enfraqueceu o sistema imunológico são chamadas "doenças oportunistas". Entre elas estão a tuberculose, as pneumonias, as diarréias, candidíase na boca, infecções do sistema nervoso, como, por exemplo, a toxoplasmose e as meningites.
Algumas pessoas também podem desenvolver alguns tipos de câncer, como o sarcoma de Kaposi, que muitas vezes aparece como manchas na pele.

O que é um "aidético" saudável?
Em primeiro lugar, não se deve utilizar o termo "aidético" porque é uma palavra que discrimina. A pessoa portadora do vírus que é assintomática, ou seja, que não tem os sintomas da aids, pode ser considerada saudável, uma vez que não desenvolveu a doença, mas essa "pessoa saudável" tem possibilidade de transmitir o vírus. É aconselhável utilizar os termos "portador do HIV" ou "pessoa HIV positivo".

Como posso saber se uma pessoa tem Aids?
Não é possível saber. Não dá para perceber quem tem ou não aids. A pessoa pode estar infectada com o vírus e ter uma aparência completamente normal; há casos em que a doença demora muitos anos para começar a se manifestar. Só o teste anti-HIV pode confirmar se uma pessoa é ou não portadora do vírus.

Quais as precauções que um portador do HIV ou doente de Aids
deve tomar?
• Usar camisinha em todas as relações sexuais, para não infectar os outros e para não se infectar novamente com outro tipo de vírus da Aids.
• Não doar sangue.
• Para melhorar as defesas que o vírus destrói, deve alimentar-se bem; as pessoas bem nutridas pegam menos infecções oportunistas.
• Parar de usar drogas e de consumir bebidas alcoólicas.
• Dormir bastante (ao menos oito horas diárias).

2. Como se transmite o HIV

Como se contrai o HIV?
O HIV poder ser encontrado em fluidos do organismo, como sangue, sêmen (esperma), secreções vaginais e leite materno.

Qualquer prática que permita o contato desses fluidos com as mucosas e a corrente sangüínea de outra pessoa pode causar a infecção pelo HIV.

Quais são as formas mais importantes de transmissão do HIV?
O HIV é transmitido de pessoa para pessoa de três maneiras importantes:
• Quando o sêmen ou fluido vaginal de uma pessoa infectada entra em contato com a mucosa (membrana) da vagina, do pênis ou do reto e o vírus penetra na corrente sangüínea.
• Quando a pele é perfurada por uma agulha ou outro objeto cortante (lâmina de barbear, instrumento de tatuagem) em que há restos de sangue de uma pessoa infectada pelo HIV É muito arriscado compartilhar a mesma agulha e a mesma seringa com usuários de drogas. Quaisquer seringa e agulha não esterilizadas podem transmitir o vírus. Recomenda-se a utilização de seringas descartáveis.
• Quando a gestante está infectada, pois o HIV pode ser transmitido por meio da placenta antes de o bebê nascer, na hora do parto ou durante o aleitamento materno após o nascimento.

Quanto tempo o vírus sobrevive no meio ambiente?
O HIV resiste pouco tempo no meio externo. Ele é inativado por agentes físicos (calor) e químicos (hipoclorito de sódio, glutaraldeído, entre outros).

Como a infecção pode ser evitada?
Pessoas que usam preservativos corretamente em todas as relações sexuais protegem-se da infecção pelo HIV e por germes causadoras de outras doenças sexualmente transmissíveis (DST).

Um indivíduo que não tem relações sexuais e não se injeta drogas (ou usa agulhas e seringas esterilizadas para tais ocasiões) não tem probabilidade de contrair o HIV ou outras DST.

Pessoas que são mutuamente fiéis (isto é, só fazem sexo entre si) não estão expostas ao risco de contrair HIV e DST por via sexual desde que ambas sejam HIV negativo e não tenham sido infectadas posteriormente por sangue contaminado (por meio de transfusão, drogas injetáveis com agulhas e seringas usadas).

Algumas pessoas têm maior probabilidade de contrair o HIV?
Sim. Depende de sua conduta. Alguns comportamentos ou atividades representam um risco maior de contrair o HIV do que outros e incluem:
• Pessoas que não usam preservativos em todas as relações sexuais.
• Indivíduos que já têm outras DST e continuam mantendo relações sexuais sem proteção.
• Usuários de drogas injetáveis que compartilham agulhas e seringas.

Determinadas situações que estão fora do controle da pessoa podem colocá-la em risco. São elas:
• Receber injeções com agulhas usadas ou não esterilizadas adequada, mente.
• Receber uma transfusão de sangue sem que este tenha sido testado.
• Nascimento de crianças de mães HIV positivo.

2.1. Transmissão sexual

A relação sexual é a forma mais comum de transmissão do HIV em nosso país. Entretanto os riscos de infecção variam conforme o tipo de relação sexual.

Relação sexual anal - penetração do pênis no reto. É a forma de relação sexual que apresenta maior risco de infecção, tanto para homens quanto para mulheres. A mucosa do ânus não apresenta lubrificação própria, como a da vagina, sendo portanto mais frágil e fácil de apresentar ferimentos pelo traumatismo provocado pela penetração do pênis. A mucosa anal também possui uma grande capacidade de absorção (permite que os líquidos passem com facilidade), como se fosse uma esponja, aumentando o risco de contrair o HIV e outras DST. O risco existe também para quem penetra, isto é, quem introduz o pênis no (a) parceiro (a), caso o pênis e a mucosa anal tenham algum ferimento. Mesmo que esses ferimentos sejam tão pequenos que não possam ser percebidos, podem permitir a passagem do vírus de uma pessoa para outra.

Relação sexual vaginal - penetração do pênis na vagina. Esse tipo de relação sexual oferece um risco de infecção muito maior para as mulheres do que para os homens.

Para a mulher o risco de infecção é grande porque:
• a mucosa vaginal (película que reveste a vagina), mesmo sendo lubrificada, pode ser lesada durante a penetração do pênis, permitindo que o vírus entre pelos ferimentos causados;
• a secreção da ejaculação fica muito tempo em contato com a mucosa vaginal;
• a mucosa vaginal também pode absorver a secreção da ejaculação.

O homem também corre o risco de infectar-se durante uma relação vaginal porque o atrito da penetração pode causar ferimentos que não são percebidos mas permitem a entrada do vírus caso a mulher esteja infectada.

Relação sexual oral - contato da boca com o órgão genital masculino ou o feminino. Mesmo que a mucosa da boca e a da garganta tenham uma capacidade de absorção pequena (menor que a do ânus e a da vagina), podem permitir a passagem de secreções e também do HIV O risco de infecção aumenta muito caso existam ferimentos ou inflamações nessas áreas. Das formas citadas o sexo oral é o que apresenta menor risco.

O que significam "sexo seguro" e "sexo protegido"?
A prática de atividades como masturbar-se, massagear-se, roçar-se, abraçar-se e fazer carícias genitais irá evitar que o sangue, o sêmen ou secreções vaginais de um parceiro entrem em contato com o sangue do outro e, dessa forma, prevenirá a transmissão do HIV.

O uso correto e constante de preservativo (camisinha) na relação reduz o risco de infecção com HIV e outras DST Foi demonstrado que preservativos de látex são eficazes na proteção contra HIV, DST e gravidez, mas a utilização incorreta diminui sua eficácia porque, por exemplo, pode fazer com que eles se rompam. A relação sexual com preservativo é chamada de "sexo protegido".

Embora apenas um pequeno número de pessoas tenha contraído HIV por esses meios, as práticas seguintes apresentam algum risco:
• felação (introdução do pênis na boca);
• sexo oral vaginal (boca na vagina);
• sexo oral anal (boca no ânus).

As seguintes práticas representam, sem dúvida, alto risco:
• sexo anal (introdução do pênis no reto) sem preservativo;
• sexo vaginal (introdução do pênis na vagina) sem preservativo;
• qualquer prática sexual que cause sangramento;
• esperma ou sangue levado à boca durante sexo urogenital.

A mulher pode transmitir o HIV quando transa com outras mulheres?
Existem alguns poucos casos no mundo de mulheres que pegaram Aids porque transaram com outras mulheres. Sabe-se que o líquido vaginal e o sangue menstrual contêm quantidades suficientes do vírus para contaminar. O importante é não transar quando uma das duas estiver menstruada. Se usarem vibradores ou outros objetos, eles não podem ser compartilhados, a menos que se coloque camisinha neles. O contato entre a boca e o clitóris NÃO traz nenhum risco. É importante evitar o contato com o sangue e o líquido vaginal.

É possível uma mulher se contaminar se o esperma de um homem infectado tocar alguma parte de seu corpo?
O esperma que tiver o vírus da aids pode contaminar, sim, se entrar pela vagina, pelo ânus ou pela boca; se pegar em qualquer outra parte do corpo que não tenha uma ferida aberta, o perigo de transmissão pratica- mente não existe.

É possível uma mulher se infectar se tiver relação apenas uma vez com um homem que tem Aids?
Sim. Ainda que seja somente uma vez, se a relação se der sem camisinha é possível se contaminar com o vírus da aids. É como ficar grávida: existe possibilidade de engravidar transando uma única vez.

Quantos parceiros são necessários para infectar-se com HIV ou doenças sexualmente transmissíveis (DST)?
Um único contato com uma pessoa infectada pelo HIV ou por DST é suficiente para que haja transmissão. Entretanto, a probabilidade de contrair HIV aumenta de acordo com a quantidade de parceiros sexuais e com o número de relações sexuais desprotegidas. A presença de uma DST eleva o risco de transmissão do HIV.

Homens e mulheres têm o mesmo risco de infecção pelo HIV?
As mulheres são mais vulneráveis à infecção pelo HIV do que os homens. A área de mucosa da vagina é maior que a do pênis e, portanto, fica mais exposta durante a relação sexual, podendo ser mais facilmente penetrada pelo vírus. Além disso, após a ejaculação o esperma, que pode conter muitos vírus, fica por algum tempo na vagina e no próprio útero.

Se a mulher estiver menstruada, o risco de infectar-se é maior?
O sangue menstrual de mulheres infectadas contém o vírus. Tanto a mulher quanto o homem correm um risco muito maior de contrair o HIV através da relação sexual durante a menstruação.

2.2. Transmissão sangüínea

É possível se infectar por transfusão de sangue ou seus derivados?
Receber transfusão de sangue que não tenha sido testado é muito perigoso. Atualmente, entretanto, todos os bancos de sangue oficiais testam o sangue para transfusão e, assim, os riscos de contaminação são bem mais reduzidos.

É possível se infectar doando sangue?
Não é possível contrair o HIV doando sangue desde que o material usado (agulha de injeção) seja esterilizado ou descartável.

Como se contrai o HIV através de agulhas ou seringas de injeção?
Uma pequena quantidade de sangue fica na agulha ou na seringa após alguém utilizá-las. Se outra pessoa usar essa mesma agulha ou seringa, tem esse sangue injetado em sua corrente sanguínea. Se o primeiro usuário estiver infectado, o segundo também ficará.

Apenas uma quantidade mínima de sangue é necessária para que ocorra a transmissão. Compartilhar agulhas ou seringas para qualquer propósito (medicamentos, drogas como heroína ou cocaína) pode transmitir o HIV.

2.3. Transmissão mãe-filho

A transmissão pode ocorrer durante a gestação, na hora do parto ou pela amamentação. Durante a gravidez, as trocas de substâncias e sangue entre a mãe e o bebê acontecem através da placenta. Caso a mulher esteja infectada com o HIV, é possível que ela o passe para o bebê junto com essas substâncias.

No parto, há risco de a criança ter ferimentos (pelo uso de fórceps, para sua retirada, ou por ocasião do corte do períneo – episiotomia –, para facilitar sua passagem). O contato desses ferimentos com o sangue materno infectado possibilita a passagem do HIV para a criança.

O que acontece com um bebê nascido de uma mulher com infecção por HIV?
O bebê pode nascer infectado com o vírus. A mãe infectada também pode transmitir a infecção ao bebê durante a amamentação, após o nascimento. Até cerca de três anos atrás, 20% a 40% dos bebês nascidos de mães infectadas adquiriam o vírus HIV e alguns desenvolviam a aids no primeiro ano de vida. A partir da indicação de tratamento para a gestante soropositiva e para o bebê logo após o nascimento, os níveis de infecção se reduziram para até 8%.

É pouco útil testar bebês nascidos de mães infectadas com HIV logo após o nascimento. O resultado positivo significa que os anticorpos da mãe ainda estão circulando na corrente sangüínea do bebê. A partir dos 18 meses o teste pode ser considerado confiável.

O aleitamento materno pode transmitir o HIV?
Sim. A possibilidade de ocorrer transmissão do HIV da mãe para a criança pela amamentação é de aproximadamente 14% quando a mãe já estava infectada pelo HIV e de 29% caso ela se infecte durante o período de amamentação.
Portanto, não se recomenda que mães infectadas amamentem ou que as crianças recebam leite de outras mulheres, exceto se existir a certeza de que elas não estejam infectadas.

2.4. Transmissão por outros meios

O HIV pode penetrar pela pele?
Não. A pele serve normalmente como barreira para a penetração, porém essa barreira poderá ser quebrada quando acontecerem cortes, escoriações, úlceras, feridas, sangramento ou surgirem situações em que possa haver a absorção de fluidos contaminados pelo HIV.

O HIV pode ser transmitido ao se fazer tatuagens?
O sangue pode aderir a qualquer instrumento que corte ou perfure a pele e, se outra pessoa usá-lo sem que ele tenha sido esterilizado, correrá o risco de contaminação. Deve-se evitar fazer tatuagens, furar a orelha, barbear-se, compartilhar escova de dentes, fazer acupuntura ou participar de cerimônias de sangramento ou sangria, a menos que se tenha certeza absoluta de que os instrumentos utilizados foram esterilizados.

O HIV pode ser transmitido pela tosse ou espirro?
O HIV não é transmitido por tosse, espirro, copos, xícaras e alimentos, piscinas, toalhas, assentos sanitários, animais caseiros, mosquitos e outros insetos.

Tomar água no copo ou comer com os mesmos talheres de um porta, dor do HIV é perigoso?
Não. Podemos tomar água, cerveja ou qualquer bebida no mesmo copo de uma pessoa que tem aids porque a saliva não transmite o vírus. Sendo assim, também não há problema algum em comer com os mesmos talheres e pratos de uma pessoa com aids.

Há risco em dormir (sem transar) com uma pessoa que esteja
com o vírus?
Não. Dormir na mesma cama, compartilhar os mesmos lençóis de uma pessoa com aids não contamina porque o vírus não é passado por meio de objetos.

Quais são os riscos de viver perto de alguém que tem aids?
Viver perto de alguém que tem aids, ou de alguém infectado pelo HIV, não fará com que você tenha HIV Você pode viver absolutamente seguro, na mesma casa, com alguém que tem aids.

Há perigo de contágio através dos aparelhos e instrumentos usados pelos dentistas?
Os instrumentos utilizados nos consultórios de dentista são submetidos a esterilização em temperaturas superiores às necessárias para destruir o HIV.

Quanto às anestesias, elas são aplicadas com agulhas descartáveis e, com esse cuidado, não existe nenhum risco.

Mesmo assim, todos os pacientes têm o direito de questionar os dentistas quanto aos cuidados existentes no consultório, e alguns deles podem ser observados, por exemplo: se o profissional usa luvas, se descarta a agulha utilizada, se tem estufa para esterilização etc.

É perigoso usar a mesma escova de dentes de um portador?
Todos os objetos que ocasionem algum sangramento durante o uso podem transmitir o HIV se não tiverem sido esterilizados. Recomenda-se que não se compartilhe escova de dentes com ninguém, independentemente de ser ou não portador do HIV.

É possível pegar o HIV através de esportes de contato?
É possível que a transmissão ocorra se um atleta infectado tiver um ferimento e seu sangue entrar em contato com um corte na pele ou membrana da mucosa de outro atleta. Mesmo assim, o risco de contaminação é muito pequeno.

Não existe evidência de que algum participante de qualquer atividade esportiva tenha se infectado com HIV ou tenha transmitido o HIV a outros participantes.

Devido a essa baixa probabilidade, seria prudente adotar os procedimentos a seguir em práticas desportivas em que possa ocorrer sangramento.
• Limpar qualquer corte com anti-séptico e cobrí-lo bem.
• Se ocorrer sangramento, interromper a atividade até o estancamento e limpar e tratar o ferimento com anti-séptico, cobrindo-o de forma segura.
• Usar sempre luvas de látex ao tratar de pessoas feridas.

Mosquitos e insetos transmitem o HIV?
Há provas evidentes de que o HIV não é transmitido por mosquitos ou demais insetos, como pulgas, piolhos, percevejos e outros que possam estar presentes na residência de doentes com Aids; eles não transmitem o vírus a outras pessoas.

Se os mosquitos fossem responsáveis pela transmissão do HIV, indivíduos de todas as idades estariam infectados. De fato, crianças antes da puberdade raramente são infectadas, a menos que tenham nascido de mães infectadas ou recebido transfusão de sangue contaminado.

Sabe-se que o HIV vive em algumas células do organismo humano, mas que não vive nas células dos insetos. Portanto, mosquitos e outros insetos não podem ser hospedeiros do HIV.

O HIV não é como o parasita da malária, que vive muito bem no mosquito e é transmitido às pessoas que são picadas pelo inseto.

3. Testes para Aids

Qualquer exame de sangue mostra se uma pessoa está infectada com o HIV?
Não. Num exame de sangue normal, o hemograma, não é possível saber. Para ter certeza de que está infectada, a pessoa tem de fazer um exame de sangue específico para aids.

Quais são os exames para Aids mais comuns?
O teste mais comum para detectar anticorpos contra o HIV é chamado Elisa. Existem outros que são menos utilizados ou utilizados apenas para confirmar o resultado do Elisa, que são o Western-Blot e a imunofluorescência indireta para HIV.

Atualmente já existe um exame que serve para medir a quantidade de vírus que existe no sangue de uma pessoa. Ele se chama exame da carga viral.

O que são anticorpos?
O sistema de defesa do organismo (sistema imunológico) produz substâncias que circulam no sangue e servem para combater e destruir diversos vírus e germes que invadem o organismo.

A presença de anticorpos específicos no sangue de uma pessoa indica que ela esteve exposta àquela infecção, ou seja, quando um exame de sangue revela que existem anticorpos para o HIV, significa que a pessoa está infectada pelo HIV.

O que é o "período da janela imunológica"?
É o tempo que o organismo leva para produzir, depois da infecção, certa quantidade de anticorpos que possa ser detectada pelos exames de sangue. Para o HIV, esse período é normalmente de duas a doze semanas; em algumas circunstâncias, pode ser mais prolongado.

Isso significa que, se um teste para anticorpos de HIV for feito durante o "período da janela imunológica", é provável que dê um resultado negativo, embora a pessoa já esteja infectada pelo HIV e possa transmiti-lo a outras pessoas.

No caso de o teste ser negativo, as pessoas devem retornar para realizar outro dentro de um período de três meses; caso a pessoa tenha sido infectada, os anticorpos se desenvolverão durante esse período (essas pessoas têm de evitar comportamentos de risco durante os três meses).

Quando uma pessoa deve fazer o teste para o HIV?
Sempre que a pessoa sentir que pode ter se exposto ao HIV. As implicações tanto do resultado positivo quanto do negativo devem ser encaradas e discutidas antecipadamente com um profissional de saúde ou orientador em HIV/Aids.

O que são CTA?
Os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) são serviços que contam com profissionais de saúde treinados para oferecer o teste anti-HIV de forma gratuita e confidencial, acompanhado de aconselhamento pré e pós-teste e apoio psicológico.

Os objetivos dos CTA são:
• Contribuir para a redução dos riscos de infecção pelo HIV e outras DST.
• Ampliar o acesso da população ao diagnóstico da infecção pelo HIV.
• Estimular a adoção de comportamentos e práticas seguras em relação à transmissão do HIV e outras DST.
• Facilitar a busca de serviços assistenciais aos portadores de HIV/Aids.
• Reduzir a procura por bancos de sangue por parte de pessoas que desejam realizar o teste anti-HIV.

Quais são as vantagens de fazer o teste para o HIV?
Se você não estiver infectado, ficará aliviado em saber o resultado e poderá proteger-se no futuro. Se você estiver infectado com o HIV, poderá:
• Receber tratamento precoce e viver mais tempo com melhor qualidade de vida.
• Usar novos medicamentos, à medida que forem sendo descobertos.
• Informar seu (s) parceiro (s) de que você tem o HIV, evitando que sejam infectados.
• Prevenir-se de nova infecção e de infectar outras pessoas usando preservativo em toda relação sexual.
• Evitar compartilhar objetos que têm contato com sangue, como agulhas e seringas.
• Decidir não doar sangue ou outros tecidos.
• Desenvolver um bom sistema de apoio emocional nos primeiros estágios da doença.

O que fazer e o que não fazer se o resultado for positivo?
• Uma pessoa com HIV tem oportunidade de conscientizar outras pessoas da doença e de lutar pelos direitos dos doentes de aids.
• Entretanto, as pessoas que têm aids devem pensar com cuidado sobre revelar seu estado, uma vez que a incompreensão e a discriminação existem e podem afetá-las, e àqueles que amam.
• Em muitas situações, as famílias são a maior fonte de cuidado e apoio, e o tipo de cuidado e apoio para pessoas infectadas com HIV pode mudar, dependendo do estágio da infecção. Esta situação requer aconselhamento para membros da família, bem como para a pessoa infectada.
• Toda informação médica, incluindo a condição de HIV/Aids, deve ser confidencial.
• A infecção provocara pelo HIV não deve ser a causa para que se deixe de trabalhar ou estudar.
• No trabalho ou na escola, como em qualquer lugar, a pessoa infectada pelo HIV tem a responsabilidade de comportar-se de maneira a não colocar os outros em situações de risco de infecção.
• Doar sangue é uma maneira irresponsável de verificar se alguém tem o HIV Se você quiser fazer o teste, consulte quem cuida de sua saúde, que o encaminhará a um orientador.

O que é aconselhamento?
Em um CTA ou em Serviço Especializado em aids, o aconselhamento é um processo no qual a pessoa ou cliente estabelece uma relação de confiança com o profissional de saúde; ao conversar sobre o teste anti-HIV, recebe apoio emocional, avalia sua necessidade de realizar o teste e também é orientado sobre outros serviços de saúde necessários.

Depois de realizado o teste anti-HIV.

Se o resultado for negativo, o orientador discutirá a importância da prevenção de HIV/Aids em detalhe com a pessoa, a fim de diminuir riscos futuros de infecção. A conversa será não apenas sobre os métodos disponíveis, mas também sobre a situação individual de cada pessoa, preocupações e atitudes que podem influenciar sua opinião sobre a possibilidade e aceitabilidade desses métodos e se pretende utilizá-los.

Se o resultado for positivo, o orientador falará com a pessoa a respeito de tudo o que foi dito anteriormente, a fim de que ela evite infeccionar o parceiro (ou filhos) e também reinfectar-se (o que pode acelerar a progressão da doença). Além disso, a principal tarefa do orientador será oferecer compaixão, apoio e informação prática, incluindo encaminhamento aos serviços médicos adequados, à pessoa que poderá habilitá-la a enfrentar a depressão e a ansiedade e a tomar decisões pessoais. Sessões de acompanhamento serão necessárias, para assegurar apoio significativo, consistente, e a longo prazo.

5. Vacinas para a Aids

Já existem vacinas para a Aids?
Não. Há instituições científicas que trabalham no desenvolvimento de vacinas que poderão proteger contra a infecção pelo HIV no futuro. No entanto há muitas dificuldades, e a principal está no fato de que há diversos tipos de HIV O trabalho prossegue nesse campo.

6. Tratamento para a Aids

Já existem medicamentos capazes de curar a aids?
Não. Há medicamentos apenas para tratar a aids. Alguns têm sido capazes de inibir a multiplicação do HIV em pessoas infectadas. Eles não eliminam o vírus do organismo, mas são úteis para prolongar a vida de pacientes infectados por HIV e melhorar sua qualidade de vida.
Existem diversos medicamentos eficazes contra muitas das infecções oportunistas relacionadas à Aids.

O que é o "coquetel" de tratamento da Aids?
Consiste na utilização de uma combinação de medicamentos que podem atuar em fases diferentes do ciclo do vírus, diminuindo a multiplicação do vírus e fazendo com que seus ataques ao sistema imunológico sejam atenuados, o que prolonga a vida do portador.

7. Prevenindo HIV/Aids

A camisinha é segura para evitar a transmissão do HIV e das outras DST?
O preservativo (camisinha), quando usado de forma correta, é o meio mais eficaz de impedir a transmissão sexual do HIV e de outros agentes que causam as DST O envelope só deve ser aberto na hora de usá-lo, ou seja, logo depois de obtida a ereção. A penetração deve ser feita apenas depois de colocado o preservativo. O reservatório da ponta deve ser apertado durante a colocação para que todo o ar saia de seu interior, já que ele servirá para armazenar o esperma quando houver ejaculação.

A camisinha feminina é segura?
A camisinha feminina, assim como a masculina, se utilizada corretamente, é 100% eficaz na prevenção da transmissão sexual do HIV e das outras DST, além de dar maior poder à mulher – que, em muitas situações, não tem como negociar com o parceiro a colocação da camisinha masculina – pois pode ser colocada antes do início das preliminares (carícias que antecedem à penetração).

Como é possível reduzir o risco de transmissão sexual do HIV?
Usando preservativo em todas as relações sexuais e tratando as outras DST.

Como evitar que os usuários de drogas injetáveis se contaminem com o HIV através de agulhas ou seringas?
Se uma pessoa não tiver condições de usar uma agulha ou uma seringa limpas, poderá ferver os instrumentos ou lavá-los da seguinte forma:
• Enxágüe a seringa com água fria e limpa pelo menos duas vezes e jogue fora a água usada.
• Enxágüe a seringa com água sanitária comum pelo menos duas vezes e jogue fora a água sanitária.
• Enxágüe novamente com água limpa e fria, pelo menos duas vezes, para tirar a água sanitária.
Algumas cidades realizam programas de troca de agulhas e seringas (agulhas ou seringas usadas são substituídas por novas) para usuários de drogas injetáveis. Aqueles que não conseguem interromper o uso de drogas injetáveis podem aderir a esses programas para, ao menos, evitar a transmissão do HIV e outras doenças, como hepatite, por exemplo.

8. Direitos do portador

O portador do HIV deve ser afastado do trabalho?
Nem o portador nem o doente de aids devem ser afastados do trabalho, a menos que sua condição física não permita que continuem trabalhando.

Uma pessoa com HIV não pode mais ter relações sexuais?
Tanto o portador quanto o doente de aids podem exercer plenamente sua sexualidade, desde que o parceiro (ou parceira) seja previamente comunicado e se utilize preservativo em todas as relações sexuais.

Se um aluno for HIV positivo é obrigatório comunicar a escola?
Não. É um direito do portador não querer falar para as pessoas do seu convívio social sobre sua condição.

O teste do HIV pode ser realizado sem a pessoa saber?
Não. O teste só deve ser realizado com o consentimento da pessoa e de forma voluntária, a menos que tenha como objetivo selecionar doadores de sangue e doadores de órgãos para transplante ou que seja feito com material anônimo (sem identificação).

O teste do HIV pode ser obrigatório para admissão em um novo emprego?
Não. O teste não pode nunca ser compulsório (obrigatório). As leis brasileiras proíbem essa obrigatoriedade.

Fonte: Programa Nacional de DST / AIDS do Ministério da Saúde