Bareback: sexo anal sem preservativo
Autor: Paulo Bonanca Psicologo e Sexologo
http://www.paulobonanca.com/
De um modo amplo podemos entender o bareback (tradução literal; montar a pelo) como a prática do sexo anal sem preservativo, seja ele praticado entre homossexuais, bissexuais ou heterossexuais. Consiste em uma prática sexual difundida principalmente nos Estados Unidos e Europa mas com simpatizantes também no Brasil.
Alguns aspectos importantes a serem observados sobre esta prática, segundo seus seguidores, seriam: a camisinha não foi idealizada para a realização do sexo anal, o preservativo priva os indivíduos de um “sexo real”, pois impediria o contato da pele do pênis com o ânus, a utilização do preservativo tira a intimidade da relação, impõe um distanciamento afetivo, que a camisinha deve ser utilizada por opção e não por imposição, entre outros.
Os indivíduos e grupos que incentivam o bareback como prática sexual alegam que devido aos avanços atuais relacionados ao tratamento anti HIV (terapia anti-retroviral) e ao acesso a ele, em caso de contágio sua qualidade de vida não sofreria qualquer tipo de impacto negativo, já que os medicamentos ao inibir a reprodução do vírus e potencializar o sistema imunológico, impediria o surgimento de enfermidades oportunistas (AIDS). Outro aspecto positivo alegado pelos praticantes do bareback é que a ansiedade e a angustia frente ao possível contágio pelo HIV desaparece uma vez que se sabem soropositivos, e uma vez soropositivo a utilização do preservativo passaria a ser descartada.
Praticantes do bareback relatam que uma vez constatada a soropositividade (contágio), se sentiram mais livres na prática sexual, além de perceberem um aumento significativo tanto no prazer como na satisfação e na performance sexual.
Os grupos para a prática do bareback podem se configurar como mistos, (pessoas soropositivos e negativas), onde não se sabe quem vive com o vírus e quem não, ou por grupos de soropositivos. Membros dos grupos mistos relatam que a possibilidade de seu parceiro ser soropositivo aumenta a adrenalina da relação e que o contágio não seria relevante, vindo a ser em alguns casos um alivio, o fim da preocupação frente ao HIV e o fim do uso do preservativo nas relações.
O bareback se configura de algum modo como um fenômeno e prática sexual moderna, com impacto a vários níveis, tanto social como individual. Ainda se faz necessário investigações mais profundas para entender os processos que estariam operando em sua base, mas creio que alguns elementos já poderiam ser abordados. Abaixo alguns questionamentos pessoais sobre a prática do bareback no Brasil.
Ø O bareback surge nos Estados Unidos e Europa, locais que concentram os indivíduos economicamente mais favorecidos do mundo, com possibilidade de financiar seu próprio tratamento, exames, consultas médicas e internações. Além de contar com os melhores seguros sociais do planeta. Podem os praticantes do bareback brasileiros contar com estas facilidades?
Ø O programa HIV/AIDS do Governo Brasileiro é reconhecido internacionalmente como um dos melhores do mundo, mas não está isento de problemas e dificuldades. Frente ao constante numero de novos casos registrados anualmente e ao baixo número de óbitos decorrentes do HIV, até quando a qualidade do programa poderá se manter e oferecer para toda a população soropositiva os anti-retrovirais, exames e consultas de modo funcional? E quanto às hospitalizações?
Ø O preservativo não é barreira de proteção somente para o HIV. O bareback nega a existência das outras DST’S .
Ø Os anti-retrovirais sozinhos não representam, nem são responsáveis pela qualidade de vida do individuo soropositivo, outros aspectos psicossociais importantes operam nesta situação. Exemplo: sem adesão ao tratamento, dificilmente se obterá o distanciamento das enfermidades oportunistas.
Ø O soropositivo frente a relações sexuais de alto risco se coloca na possibilidade de re-contágio do HIV, o que dificulta em muito o tratamento e tem impacto negativo na qualidade de vida.
Ø O que sabem os incentivadores e praticantes do bareback sobre os efeitos colaterais dos medicamentos a curto e largo prazo. A lipodistrofia, (acúmulo de gordura em determinadas partes do corpo), que pode ocorrer devido ao uso dos medicamentos, se configura como uma preocupação para eles?
Colocar-se frente a possibilidade de contagio do HIV através da prática do bareback traz consigo motivações psicológicas que podem ir do sadismo ao masoquismo. A idealização de uma relação sexual mais livre, com um maior contato íntimo e afetivo poderia estar encobrindo uma idealização suicida que começa com o contágio por um vírus e pode ter continuação na idéia de que o medicamento não permite a livre expressão do organismo, ou que os exames, as consultas médicas e a busca mensal de medicamentos tem impacto negativo no seu bem-estar.
Apodere-se do seu corpo, ele único e te pertence. Informe-se , reflita, pense e decida o que você quer e deseja para a sua vida, é uma decisão exclusivamente sua, assim como as conseqüências.
Paulo Bonança C.R.P 05-30190Psicólogo e Sexólogo Diplomado em Sexualidade Humana pela Universidade Diego Portales- Chile- Autor da Tese “A AIDS entre os homossexuais; A confissão da soropositividade ao interior da família”.Membro da SBRASH (Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana) Rio de Janeiro, Copacabana (21) 2236-3899, 9783-9766www.paulobonanca.com paulopsi2000@yahoo.com.br
http://www.paulobonanca.com/
De um modo amplo podemos entender o bareback (tradução literal; montar a pelo) como a prática do sexo anal sem preservativo, seja ele praticado entre homossexuais, bissexuais ou heterossexuais. Consiste em uma prática sexual difundida principalmente nos Estados Unidos e Europa mas com simpatizantes também no Brasil.
Alguns aspectos importantes a serem observados sobre esta prática, segundo seus seguidores, seriam: a camisinha não foi idealizada para a realização do sexo anal, o preservativo priva os indivíduos de um “sexo real”, pois impediria o contato da pele do pênis com o ânus, a utilização do preservativo tira a intimidade da relação, impõe um distanciamento afetivo, que a camisinha deve ser utilizada por opção e não por imposição, entre outros.
Os indivíduos e grupos que incentivam o bareback como prática sexual alegam que devido aos avanços atuais relacionados ao tratamento anti HIV (terapia anti-retroviral) e ao acesso a ele, em caso de contágio sua qualidade de vida não sofreria qualquer tipo de impacto negativo, já que os medicamentos ao inibir a reprodução do vírus e potencializar o sistema imunológico, impediria o surgimento de enfermidades oportunistas (AIDS). Outro aspecto positivo alegado pelos praticantes do bareback é que a ansiedade e a angustia frente ao possível contágio pelo HIV desaparece uma vez que se sabem soropositivos, e uma vez soropositivo a utilização do preservativo passaria a ser descartada.
Praticantes do bareback relatam que uma vez constatada a soropositividade (contágio), se sentiram mais livres na prática sexual, além de perceberem um aumento significativo tanto no prazer como na satisfação e na performance sexual.
Os grupos para a prática do bareback podem se configurar como mistos, (pessoas soropositivos e negativas), onde não se sabe quem vive com o vírus e quem não, ou por grupos de soropositivos. Membros dos grupos mistos relatam que a possibilidade de seu parceiro ser soropositivo aumenta a adrenalina da relação e que o contágio não seria relevante, vindo a ser em alguns casos um alivio, o fim da preocupação frente ao HIV e o fim do uso do preservativo nas relações.
O bareback se configura de algum modo como um fenômeno e prática sexual moderna, com impacto a vários níveis, tanto social como individual. Ainda se faz necessário investigações mais profundas para entender os processos que estariam operando em sua base, mas creio que alguns elementos já poderiam ser abordados. Abaixo alguns questionamentos pessoais sobre a prática do bareback no Brasil.
Ø O bareback surge nos Estados Unidos e Europa, locais que concentram os indivíduos economicamente mais favorecidos do mundo, com possibilidade de financiar seu próprio tratamento, exames, consultas médicas e internações. Além de contar com os melhores seguros sociais do planeta. Podem os praticantes do bareback brasileiros contar com estas facilidades?
Ø O programa HIV/AIDS do Governo Brasileiro é reconhecido internacionalmente como um dos melhores do mundo, mas não está isento de problemas e dificuldades. Frente ao constante numero de novos casos registrados anualmente e ao baixo número de óbitos decorrentes do HIV, até quando a qualidade do programa poderá se manter e oferecer para toda a população soropositiva os anti-retrovirais, exames e consultas de modo funcional? E quanto às hospitalizações?
Ø O preservativo não é barreira de proteção somente para o HIV. O bareback nega a existência das outras DST’S .
Ø Os anti-retrovirais sozinhos não representam, nem são responsáveis pela qualidade de vida do individuo soropositivo, outros aspectos psicossociais importantes operam nesta situação. Exemplo: sem adesão ao tratamento, dificilmente se obterá o distanciamento das enfermidades oportunistas.
Ø O soropositivo frente a relações sexuais de alto risco se coloca na possibilidade de re-contágio do HIV, o que dificulta em muito o tratamento e tem impacto negativo na qualidade de vida.
Ø O que sabem os incentivadores e praticantes do bareback sobre os efeitos colaterais dos medicamentos a curto e largo prazo. A lipodistrofia, (acúmulo de gordura em determinadas partes do corpo), que pode ocorrer devido ao uso dos medicamentos, se configura como uma preocupação para eles?
Colocar-se frente a possibilidade de contagio do HIV através da prática do bareback traz consigo motivações psicológicas que podem ir do sadismo ao masoquismo. A idealização de uma relação sexual mais livre, com um maior contato íntimo e afetivo poderia estar encobrindo uma idealização suicida que começa com o contágio por um vírus e pode ter continuação na idéia de que o medicamento não permite a livre expressão do organismo, ou que os exames, as consultas médicas e a busca mensal de medicamentos tem impacto negativo no seu bem-estar.
Apodere-se do seu corpo, ele único e te pertence. Informe-se , reflita, pense e decida o que você quer e deseja para a sua vida, é uma decisão exclusivamente sua, assim como as conseqüências.
Paulo Bonança C.R.P 05-30190Psicólogo e Sexólogo Diplomado em Sexualidade Humana pela Universidade Diego Portales- Chile- Autor da Tese “A AIDS entre os homossexuais; A confissão da soropositividade ao interior da família”.Membro da SBRASH (Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana) Rio de Janeiro, Copacabana (21) 2236-3899, 9783-9766www.paulobonanca.com paulopsi2000@yahoo.com.br