quarta-feira, 6 de julho de 2011

Atalhos mascaram e empobrecem o debate sobre os direitos dos homossexuais



Fonte: blogdoacker
Parte considerável da sociedade está assustada com a suposta ousadia dos movimentos de defesa dos direitos dos homossexuais. De fato, esses movimentos vêm alcançando uma repercussão enorme nos últimos tempos, não só no Brasil. No entanto, aqui as paradas GLBT têm audiência e participação massiva nas grandes cidades.
Projetos de Lei e iniciativas governamentais, que deveriam ser levadas a um debate mais criterioso, acabam sendo tomados por uma discussão muitas vezes passional, ora eivada de preconceitos pelos que abominam o homossexualismo, ora tratada como tábua de salvação por seus idealizadores.
A meu ver não existem os que estão corretos ou que se baseiam nas leis da Natureza. Primeiro, porque a Natureza, sábia, deu ao ser humano a capacidade para refletir sobre seus sentimentos e discernir o que deseja no seu íntimo. Segundo, porque uma breve observação das demais espécies pode dar conta que o homossexualismo está presente em todas elas.
A preocupação de setores da sociedade de que haveria um incentivo para que as crianças adotem o homossexualismo como orientação para sua conduta sexual é frágil, visto que trata-se de algo que se manifesta naturalmente em cada ser humano com o passar da idade.
Assim como não há possibilidade de um homossexual deixar de sê-lo, da mesma forma um heterossexual não mudará de orientação sexual por suposta pressão ou propaganda. O que se sabe por observação da História é que os homossexuais conformam uma minoria desde que se estuda as sociedades humanas, no entanto sempre presente em todas elas.
Em algumas o homossexualismo foi encarado como uma dádiva, algo superior, admitido e incentivado entre determinados segmentos. Em outras, o homossexualismo é encarado naturalmente e os homossexuais tratados como iguais.
Na sociedade capitalista ocidental, permeada por conceitos gerados a partir da Igreja Católica e suas derivadas de matriz protestante, o homossexualismo sempre foi encarado como pecado, coisa anormal. Isso porque a base de seu pensamento é a família como célula da sociedade, justamente para preservar a herança, perpetuando a propriedade privada da terra e depois dos meios de produção, além da necessidade de procriação para manter o exército proletário que toca esta mesma produção.
Portanto, o debate na esfera da crença religiosa está necessariamente ligada à defesa da sociedade de classes, mesmo que a esmagadora maioria das pessoas não o saiba. E para os sectários religiosos é melhor que a maioria não saiba mesmo, porque se o soubesse poderia questionar os alicerces destas mesmas ordens religiosas, sobretudo as que se originaram dos pensamentos de Calvino e Martinho Lutero.
Foram elas que, ao protestarem contra o conservadorismo feudal da antiga Igreja Católica Apostólica Romana, defenderam o direito de propriedade, de livre comércio, do trabalho assalariado e outros pontos fundamentais do capitalismo nascente na Europa Ocidental.
Há que se ter cuidado com a passionalidade no debate, porque ela tende a camuflar outros interesses, que nada têm a ver com a polêmica em si. É o caso de parlamentares que se promovem junto a setores mais conservadores, como paladinos da defesa da família e dos bons costumes. A meu ver esses senhores só querem aparecer e representar esta fatia do eleitorado para se perpetuarem no parlamento.
Outro setor que quer faturar com o debate é aquele que já compreendeu os homossexuais de todas as designações como nicho de mercado para a realização de negócios e lucros, abrindo lojas, boates e todo tipo de comércio dirigido especificamente a este público.
Para enfrentar o preconceito da família é natural que os homossexuais precisem estudar mais, ter uma profissão, conquistar seu emprego, além do que não têm gastos com filhos. Portanto, é uma clientela de bom poder aquisitivo.
Finalmente, externo uma opinião sobre o tema: creio que as pessoas têm o direito de buscar a felicidade, da forma que entendam ser a melhor para cada uma delas. Essa busca é pessoal, particular, e desde que acordada com outra pessoa, deve ser respeitada por todos.
Se hoje certos grupos exageram em suas justificativas e reivindicações, é justamente porque os homossexuais foram mantidos em “cárcere coletivo” em nossa sociedade por séculos. É como uma panela de pressão que apita forte no fogo alto, ameaçando explodir.
Passado o auge da fumaceira que escapa pelo pino, cuspindo os exageros, com o tempo a maioria tenderá a encarar a orientação sexual de cada um de forma muito mais natural. Mas este momento de extravasar precisa ser compreendido como fruto da repressão e da opressão que essa minoria sempre sofreu e ainda sofre na nossa sociedade.
Importante observar que os homossexuais conformam uma minoria, mas que em seu meio também existem conservadores, relações conflituosas, problemas de caráter e tantas formas de manifestação que estão presentes entre os heterossexuais. Portanto, não há santos a seguir ou demônios a exorcizar, mas todo um debate a realizar com paciência e tempo.
http://blogdoacker.wordpress.com/2011/06/29/atalhos-mascaram-e-empobrecem-o-debate-sobre-os-direitos-dos-homossexuais/