sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Homoerotismo feminino e visibilidade social



Homoerotismo feminino e visibilidade social
Autor: Paulo Bonanca Psicologo e Sexologo
http://www.paulobonanca.com/

A luta das mulheres por seus direitos, independência e autonomia faz parte de um processo histórico digno de estudos e teorias. Através da historia mulheres fortes, valentes e destemidas enfrentaram e ainda enfrentam a discriminação e o preconceito.
Tópicos como: violência, abuso sexual, liberdade reprodutiva, orientação e assédio sexual hoje transcendem as cátedras universitárias e se perfilam como temas de abrangência social.
Matérias polêmicas - antes tratadas como temas distantes dos espaços de atuação social - começam a ser vistas em espaços de direito ocupados pela sociedade civil organizada e trabalhadas desde uma ótica mais ampla, direcionada para temáticas e relações mais íntimas, vinculadas ao corpo e aos afetos.
Estes processos de apoderamento e reivindicação visibilizam os espaços e os instrumentos de poder que influenciam a determinação do sujeito, sua sexualidade, sua moral e seus desejos.

A luta dos movimentos que reivindicam a visibilidade da mulher de orientação sexual homolésbica enfrenta hoje uma dupla batalha: uma frente à sociedade patriarcal, determinista, estruturalista, centrada na figura da dona de casa submissa ao esposo, mãe dedicada , despojada de autonomia econômica e liderança social. A outra dificuldade dessas mulheres - que lutam por seus direitos ao amor e ao afeto -, é encontrar apoio e solidariedade junto a outros que lutam por direitos semelhantes, e que levam a mesma bandeira colorida do arco-íris como símbolo de unidade e diversidade.

O processo de visibilidade das mulheres trás consigo a necessidade social de uma análise dos discursos e das práticas em todos os níveis. Os dogmatismos sexuais devem ser expostos, apontados, trabalhados e mobilizados para que a visibilidade seja plena, não somente na área pública, mais sim na sua representação mais importante; a que cada sujeito leva dentro de si, em seus atos e não somente em suas palavras.

Paulo Bonança C.R.P 05-30190
Psicólogo e Sexólogo
Diplomado em Sexualidade Humana pela Universidade Diego Portales- Chile-
Autor da Tese “A AIDS entre os homossexuais; A confissão da soropositividade ao interior da família”.
Membro da SBRASH: Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana
Membro da ABEIS: Associação Brasileira para o Estudo da Inadequação Sexual
Consultório Rio de Janeiro, Copacabana Telefone: (21) 2236-3899, 9783-9766 www.paulobonanca.com
paulopsi2000@yahoo.com.br

Psicoterapeuta e a causa GLS



Indicações para a busca de um psicoterapeuta sintonizado com a causa GLS
Autor: Paulo Bonanca Psicologo e Sexologo
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Como uma reação frente ao preconceito social, no meio GLS esta se tornando comum, a prática de buscar um terapeuta sintonizado com as necessidades dos seus membros, sejam elas individuais ou grupais.

A busca de um profissional que aceite e acolha a orientação, a prática sexual e o objeto erótico-afetivo do cidadão (ã), GLS como uma expressão da capacidade afetiva dos seres humanos, ou uma expressão natural dos desejos, é fundamental para que ele não se encontre na difícil situação de ser discriminado por este profissional, ou seja, que reedite em seu trabalho o discurso homofóbico social.

Quando trago o tema da “psicoterapia” ou “terapia para gays”, não estou colocando em discussão a homossexualidade ou bissexualidade como causa de transtornos psicopatológicos, já que independente do objeto de desejo, qualquer pessoa poderá apresentar em um determinado momento de sua vida dificuldades em seus relacionamentos, com sua auto-estima, auto-imagem ou outros problemas emocionais e afetivos.

Nos Estados Unidos a APA (Associação Americana de Psicologia), divulgou uma lista com alguns critérios que devem ser observados pelo publico GLS no momento de buscar apoio psicológico. Devido às diferenças culturais, não sou a favor de nenhum tipo de tradução por mais bem intencionadas que sejam, mas enfim, abaixo seguem alguns itens, use seu próprio critério e assertividade.

Com respeito à figura do terapeuta a associação americana recomenda:

Ø Que o psicólogo respeite e valorize como positivos os relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo.

Ø Que o psicólogo seja consciente das dificuldades que os membros do grupo GLS enfrentam devido ao estigma social, a violência física e a homofobia, e que estas dificuldades podem colocar em risco o bem-estar e a saúde mental deles.

Ø Que para o psicólogo, a orientação sexual de tipo homossexual ou bissexual não configura indicadores de enfermidade mental.

Ø Que o psicólogo seja consciente de suas próprias dificuldades, limitações e preconceitos, e que esteja sempre alerta frente à possibilidade de atuar frente ao paciente.

Ø Que a homofobia social é um fator relevante na auto-estima e na autopercepção do paciente, e podem afetar a forma com que ele chega a terapia, assim como o processo terapêutico

Ø Que o conceito de casal e família do psicólogo seja amplo, e não restrito a duas pessoas de sexo oposto.

Ø Que a revelação da orientação sexual pode vir a ter um impacto negativo na relação do individuo com sua família, compreendendo as possíveis dificuldades que podem surgir tanto para o individuo que informa quanto para os familiares.

Como saber se o psicólogo tem as características mencionadas anteriormente?

Em caso de necessitar apoio psicológico e não conhecer um profissional que trabalhe o homoerotismo de modo afirmativo, as ONG’s, revistas e jornais gays podem ser uma valiosa fonte de informação, assim como amigos que estão/estiveram em processo terapêutico também pode ser de boa valia.

Caso não tenha a quem perguntar, utilize os itens mencionados anteriormente, transforme-os em perguntas. Não tenha medo de perguntar, seja franco e honesto com você mesmo e com as suas necessidades e não aceite menos por parte do psicólogo.

Paulo Bonança C.R.P 05-30190
Psicólogo e Sexólogo
Diplomado em Sexualidade Humana pela Universidade Diego Portales- Chile-
Autor da Tese “A AIDS entre os homossexuais; A confissão da soropositividade ao interior da família”.
Membro da SBRASH: Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana
Membro da ABEIS: Associação Brasileira para o Estudo da Inadequação Sexual
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HIV-AIDS





HIV-AIDS


Autor: Paulo Bonanca Psicologo e Sexologo
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A Aids, “Síndrome de Imunodeficiência Adquirida” do inglês Acquired Immuno Deficiency Syndrome, e considerada pela Organização Mundial da Saúde uma enfermidade de caráter epidêmico, e ate o momento não foi encontrada uma vacina eficaz para o seu tratamento. A Aids é o resultado da infecções do organismo pelo vírus HIV, ele afeta o sistema imunológico que perde sua eficiência progressivamente abrindo caminho para infecções oportunistas e certos tipos de câncer. Em sistesis, a Aids e um conjunto de signos e sintomas que advertem a etapa mais avançada da infecção pelo HIV.

A origem do vírus HIV “Vírus da Imunodeficiência Humana”, ainda e incerta, mas sua propagação teve inicio anos antes do surgimento dos primeiros casos devidamente registrados como tal. Como os sintomas da AIDS podem demorar anos em aparecer, neste espaço de tempo ele pode ser transmitido a outras pessoas, sem que o soropositivo, pessoa que vive com o vírus HIV, este consciente de seu estado de saúde.

O primeiro diagnostico de infecções oportunistas decorrentes do HIV foi publicado em junho de 1981 no boletim do Centro de Controle de Doenças na cidade de Atlânta nos Estados Unidos. Em 1983 o Instituto Pasteur da Franca e o instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos isolaram o vírus dando inicio a pesquisas que permitiram em 1996 o surgimento da terapias anti-retrovirais, mais conhecidas como “coquetel”. O eficácia destes novos medicamentos resultou em uma diminuição de 80% dos casos de internação hospitalar e diminuiu significativamente o numero de óbitos.

Os medicamentos a disposição das pessoas portadoras do vírus HIV si por um lado tem conseguido diminuir a incidência das infecções oportunistas, por outro, ainda não são capazes de eliminar-lo do organismo .A AIDS ainda não tem cura, a informação e a prevenção ainda são as melhores armas contra o vírus, mais a informação não é tudo, é necessário fazer uso dela e encarar o HIV de maneira responsável . Existe um mundo de diferença entre o que eu sei, e o que eu faço.

Paulo Bonança C.R.P 05-30190
Psicólogo e Sexólogo
Diplomado em Sexualidade Humana pela Universidade Diego Portales- Chile-
Autor da Tese “A AIDS entre os homossexuais; A confissão da soropositividade ao interior da família”.
Membro da SBRASH: Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana
Membro da ABEIS: Associação Brasileira para o Estudo da Inadequação Sexual
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Dark-Room: Vamos acender a luz?



Dark-Room: Vamos acender a luz?

Autor: Paulo Bonanca Psicologo e Sexologo

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....Quarto escuro, corpos desnudos ou quase, sussurros, mãos, pernas, bocas, pênis, sujeitos incógnitos, braços e abraços, beijos, sexo oral, anal, grupal. A situação privilegia o tato, a visão é descartada, vale o prazer sem limite, um , dois, três, quatro.... enfim, viemos para isto e não para outra coisa, façamos sem barreiras, limitações, juízos de valor ou repressões, afinal é imaginar que somos atores/personagens do teatro do desejo, encenando a peça: “nos domínios do baú do porão”....

Todos internamente levamos necessidades e desejos a serem satisfeitos, que necessitam ser atuados, praticados, precisam entrar no campo de possibilidades. Algumas destas necessidades e desejos além do prazer geram medo, susto, raiva, taquicardia, despertam angustia. Ser sexualmente visível, 100% presente, real, completo também é ser alvo de avaliações, preconceitos, padrões estéticos, além da possibilidade de ter o desempenho sexualmente avaliado. Uma solução? Refugiar-se no escuro, guardar-se no baú fechado e escondido no porão do seu ser ou de alguma sauna ou local noturno.

Poder ver o baú, poder olhar a si mesmo e o outro de frente é vencer o medo, enfrentar a fatalidade temida, é sair da negação. A negação é um grande incentivo a fazer o que se teme, é desviar do caminho mas subjetivamente, continuar trilhando no mapa. A morte, a doença, a falta de afeto, a solidão, o medo à rejeição e a discriminação entre outros são partes do escuro. Esconde-se no escuro, mas o escuro é o domínio do baú do porão; e aí está a ambivalência. É no escuro do quarto que se atua o que assusta, lá onde todos são incógnitos se encontram consigo mesmo e com os seus fantasmas, formas sem nome, sem identidade ou cobranças.

Será que o sexo revoga a sexualidade? Ou é o anonimato que dá força e permite atuar o desejo? Permite-se somente o anonimato ou também ser visto e acima de tudo ver o seu reflexo nos olhos do outro? Existem outros modos de satisfação ou o anonimato se tornou uma camisa de força, uma prisão, os olhos que não vêem negam as mãos e os dedos que apontam? Para chegar ao baú é necessário descer ao porão, simbólicamente ir para trás, controlar a ansiedade, cada degrau que se desce é um encontro consigo mesmo, disfarçado mas reconhecido, a marca esta lá, em cada um deles, as necessidades e os desejos negados subindo os degraus, escapando do porão, fugindo do baú.

A natureza do impulso assusta e a ansiedade aumenta. Abrir ou não abrir, olhar ou não olhar? E então, vamos acender a luz?

Paulo Bonança C.R.P 05-30190
Psicólogo e Sexólogo
Diplomado em Sexualidade Humana pela Universidade Diego Portales- Chile- Autor da Tese “A AIDS entre os homossexuais; A confissão da soropositividade ao interior da família”.
Membro da SBRASH: Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana
Membro da ABEIS: Associação Brasileira para o Estudo da Inadequação Sexual
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A homossexualidade como uma construção da modernidade



A homossexualidade como uma construção da modernidade

Autor: Paulo Bonanca Psicologo e Sexologo
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O caráter histórico das práticas sexuais, sua dimensão simbólica e seu caráter dialético, configuram elementos que nos permitem compreender a relação indivíduo/sociedade/sexualidade.
Até o final do século XVIII, o direito canônico, a lei civil e a pastoral cristã estabeleceram o lícito e o ilícito dos atos sexuais, colocando no núcleo do seu discurso a família e seu papel reprodutivo, objetivando deste modo a ordem e o controle social através da regulamentação das práticas sexuais.
Com o inicio da modernidade e o avanço das ciências, o foco de atenção sexual deixou de ser o matrimonio e se concentrou nas sexualidades periféricas, ou seja: a sexualidade dos loucos, das crianças, dos criminosos e no prazer homoerótico. As sexualidades ditas periféricas não surgiram na modernidade: sempre estiveram presentes durante épocas anteriores, porém a diferença é que agora elas passam a ter uma visibilidade e são apresentadas como entidades específicas que devem ser estudadas, avaliadas e controladas.
Através deste processo ocorreu a implementação das perversões pela ciência, que se encarrega de controlar, classificar e inseri-la dentro de uma realidade permanente e analítica. Estas novas classificações e especificações criaram uma nova identidade, um novo tipo de indivíduo: o "sujeito homossexual", diferente dos outros sujeitos da sociedade por estar fora da norma dominante.
Esta construção moderna da homossexualidade como uma identidade, impossibilitou uma visão total do indivíduo, que passou a ser fragmentado com sua sexualidade predominando seus atos. O sodomita de épocas anteriores era um relapso, o homossexual do início da modernidade é uma espécie.
Atualmente, as ciências e a sociedade civil organizada deram grandes passos no sentido de desmistificar o prazer homoerótico e o preconceito social que o acompanha. Mas o caminho é longo e difícil, pois a tolerância alcançada através de árduo trabalho não é a falta do preconceito, mas sim, o preconceito congelado, escondido, à espera de uma oportunidade para surgir e estabelecer suas normas e pautas de controle e normalidade sexual.

Paulo Bonança C.R.P 05-30190
Psicólogo e Sexólogo
Diplomado em Sexualidade Humana pela Universidade Diego Portales- Chile- Autor da Tese “A AIDS entre os homossexuais; A confissão da soropositividade ao interior da família”.
Membro da SBRASH: Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana
Membro da ABEIS: Associação Brasileira para o Estudo da Inadequação Sexual
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A AIDS não tem cara



A AIDS não tem cara

Autor: Paulo Bonanca Psicologo e Sexologo

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Desde a sua identificação em 1984, o vírus causador da AIDS “Síndrome de Imunodeficiência Adquirida” vem sendo estudado e combatido com firmeza pela ciência. Na atualidade o portador do vírus HIV “Vírus da Imunodeficiência Humana”, encontra na terapia anti-retroviral um aliado, colocando o soropositivo “pessoa que vive com o vírus HIV” na situação de portador de uma enfermidade crônica tratável.

Infelizmente, parte da população desinformada, acredita que a Aids mata mais do que qualquer outra doença, e de maneira vergonhosa, pois o soropositivo segundo eles seria uma "espécie", e tentam identificá-los por atributos corporais como: magreza tosse constante, pele amarelada, olhar fundo e melancólico, manchas na pele (Sarcoma de Kaposi), gânglios e caroços. Neste caso os atributos do indivíduo ficam submetidos à doença, de forma que tudo aquilo que ele possa ter e/ou representar para a sociedade é visto sob um olhar refratário, que impõe entre a sociedade e o soropositivo uma barreira, um sinal de diferenciação.

Este olhar refratário, alem de preconceituoso constitui uma dificuldade extra para a prevenção do HIV, pois para as pessoas desinformadas o aspecto físico seria um referencial seguro para a utilização ou não do preservativo em um encontro sexual. Corpos “sarados”, “rostos bonitos” não são barreiras para o HIV ou outras DST’S, ame com camisinha e coloque a prevenção em primeiro lugar.

Paulo Bonança C.R.P 05-30190
Psicólogo e Sexólogo
Diplomado em Sexualidade Humana pela Universidade Diego Portales- Chile-
Autor da Tese “A AIDS entre os homossexuais; A confissão da soropositividade ao interior da família”.
Membro da SBRASH: Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana
Membro da ABEIS: Associação Brasileira para o Estudo da Inadequação Sexual
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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Tamanho do pênis, Patriarcado e Sexualidade



Tamanho do pênis, Patriarcado e Sexualidade

Autor: Paulo Bonanca Psicologo e Sexologo
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Tamanho do pênis, Patriarcado e Sexualidade

Imagine-se na seguinte situação. Num grupo de amigos alguém pergunta: Para você, tamanho é documento? Se disser não, corre o risco de passar a ser visto como “o caro do pinto pequeno”. (somente quem tem pequeno pensa assim).
Dentro do imaginário social-sexual tamanho é documento sim, e de preferência grande e grosso, para que não paire nenhuma dúvida sobre a masculinidade.
Nossa primeira referencia biológica vinculada ao sexo que pertencemos vem do ter ou não ter pênis, daí talvez venha o medo de se vincular o pênis pequeno ao feminino, ao clitóris, à vagina.
Já na adolescência o tamanho do pênis surgir como referencial para afirmação de identidade, junto à quantidade de relações sexuais podem servir de mecanismo de defesa contra o medo de ser homossexual. As preocupações dos adolescentes são reflexos dos estereótipos machistas e repressivos ainda presentes em nossa sociedade patriarcal, e a equação é simples: pênis grande/ auto-estima alta, pênis pequeno/ auto-estima baixa.
Mas adolescentes não são os únicos a se preocuparem com o tema. Basta visitar os chats de sexo na internet, (salas de bate-papo), a grande maioria se apresenta como “bem dotado”, algo absolutamente dispensável, já que o sexo é virtual. De novo voltamos ao imaginário social-sexual.
Vivemos numa cultura “falocêntrica”, o Viagra é um bom exemplo disto, o sexo penetrativo. Em fim, voltemos a pergunta. Tamanho é documento? A resposta é: absolutamente não, não é documento. O tamanho do pênis não guarda relação com a capacidade de dar e receber prazer. Além disto, a experiência sexual com um outro deve involucrar todo o corpo, todos os sentidos. O maior órgão do corpo humano, a pele, responde eróticamente aos estímulos.

Portanto, centrar-se no tamanho do pênis é desperdiçar a oportunidade de estar com um outro por inteiro.


Paulo Bonança, Psicólogo C.R.P 05- 30190.
Diplomado em Sexualidade Humana pela Universidade Diego Portales- Chile-
Autor da Tese “A AIDS entre os homossexuais; A confissão da soropositividade ao interior da família”.
Membro da Sociedade Brasileira de estudos Sexualidade Humana SBRASH
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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Democracia, Sociedade Civil e HIV/AIDS: O coquetel dos anos 80






Democracia, Sociedade Civil e HIV/AIDS: O coquetel dos anos 80
Autor: Paulo Bonanca Psicologo e Sexologo


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Nos movimentados anos 80 o Brasil iniciou um longo processo de reestruturação nacional. Ventos de liberdade sacudiram a poeira e iluminaram os porões, deixando espaço para o novo o moderno o andrógino.
Retornados políticos, chegam com novas perspectivas acerca das necessidades sociais, buscam soluções mais amplas, a ideologia abre espaço para a pluralidade de pensamento, surge o conceito de sexualidades, de liberdade sexual e o país se abre a tônicas diversas.
A oxigenação nacional potencializa e abre espaço ao ativismo, ao discurso dos excluídos, surgem as ONGs, o chamado terceiro Setor, ou seja, organizações representativas da sociedade civil, sua voz, sua orgânica, seu discurso. As Ongs surgem como representantes idôneos destas necessidades, colocando o poder político da reivindicação nas mãos dos atores sociais vinculados as causas: “se querem saber como somos, como sentimos, como amamos, como atuamos e quais são nossas reivindicações e necessidades perguntem diretamente a nós, pois podemos responder a vocês melhor que qualquer outro”.
O fortalecimento das ONGs gays e Hiv-Aids nos anos 80, representou um novo espaço formal de poder dentro da sociedade, espaço de denúncia, reivindicação de direitos civis, cobrando dos governantes e da sociedade como um todo, respostas efetivas frente ao aumento das práticas de abusos e discriminações sofrida pelos homossexuais, que se viram imersos num discurso que os relacionavam diretamente como agentes de transmissão do HIV, gerando a falsa idéia de que os homossexuais constituíam o “grupo de risco”, grande barreira para a adesão ás práticas de prevenção em héteros ainda na atualidade.

Paulo Bonança C.R.P 05-30190


Psicólogo e Sexólogo


Diplomado em Sexualidade Humana pela Universidade Diego Portales- Chile-


Autor da Tese “A AIDS entre os homossexuais; A confissão da soropositividade ao interior da família”.


Membro da SBRASH (Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana)


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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Bareback: sexo anal sem preservativo


Bareback: sexo anal sem preservativo

Autor: Paulo Bonanca Psicologo e Sexologo
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De um modo amplo podemos entender o bareback (tradução literal; montar a pelo) como a prática do sexo anal sem preservativo, seja ele praticado entre homossexuais, bissexuais ou heterossexuais. Consiste em uma prática sexual difundida principalmente nos Estados Unidos e Europa mas com simpatizantes também no Brasil.

Alguns aspectos importantes a serem observados sobre esta prática, segundo seus seguidores, seriam: a camisinha não foi idealizada para a realização do sexo anal, o preservativo priva os indivíduos de um “sexo real”, pois impediria o contato da pele do pênis com o ânus, a utilização do preservativo tira a intimidade da relação, impõe um distanciamento afetivo, que a camisinha deve ser utilizada por opção e não por imposição, entre outros.

Os indivíduos e grupos que incentivam o bareback como prática sexual alegam que devido aos avanços atuais relacionados ao tratamento anti HIV (terapia anti-retroviral) e ao acesso a ele, em caso de contágio sua qualidade de vida não sofreria qualquer tipo de impacto negativo, já que os medicamentos ao inibir a reprodução do vírus e potencializar o sistema imunológico, impediria o surgimento de enfermidades oportunistas (AIDS). Outro aspecto positivo alegado pelos praticantes do bareback é que a ansiedade e a angustia frente ao possível contágio pelo HIV desaparece uma vez que se sabem soropositivos, e uma vez soropositivo a utilização do preservativo passaria a ser descartada.

Praticantes do bareback relatam que uma vez constatada a soropositividade (contágio), se sentiram mais livres na prática sexual, além de perceberem um aumento significativo tanto no prazer como na satisfação e na performance sexual.

Os grupos para a prática do bareback podem se configurar como mistos, (pessoas soropositivos e negativas), onde não se sabe quem vive com o vírus e quem não, ou por grupos de soropositivos. Membros dos grupos mistos relatam que a possibilidade de seu parceiro ser soropositivo aumenta a adrenalina da relação e que o contágio não seria relevante, vindo a ser em alguns casos um alivio, o fim da preocupação frente ao HIV e o fim do uso do preservativo nas relações.

O bareback se configura de algum modo como um fenômeno e prática sexual moderna, com impacto a vários níveis, tanto social como individual. Ainda se faz necessário investigações mais profundas para entender os processos que estariam operando em sua base, mas creio que alguns elementos já poderiam ser abordados. Abaixo alguns questionamentos pessoais sobre a prática do bareback no Brasil.

Ø O bareback surge nos Estados Unidos e Europa, locais que concentram os indivíduos economicamente mais favorecidos do mundo, com possibilidade de financiar seu próprio tratamento, exames, consultas médicas e internações. Além de contar com os melhores seguros sociais do planeta. Podem os praticantes do bareback brasileiros contar com estas facilidades?



Ø O programa HIV/AIDS do Governo Brasileiro é reconhecido internacionalmente como um dos melhores do mundo, mas não está isento de problemas e dificuldades. Frente ao constante numero de novos casos registrados anualmente e ao baixo número de óbitos decorrentes do HIV, até quando a qualidade do programa poderá se manter e oferecer para toda a população soropositiva os anti-retrovirais, exames e consultas de modo funcional? E quanto às hospitalizações?

Ø O preservativo não é barreira de proteção somente para o HIV. O bareback nega a existência das outras DST’S .

Ø Os anti-retrovirais sozinhos não representam, nem são responsáveis pela qualidade de vida do individuo soropositivo, outros aspectos psicossociais importantes operam nesta situação. Exemplo: sem adesão ao tratamento, dificilmente se obterá o distanciamento das enfermidades oportunistas.

Ø O soropositivo frente a relações sexuais de alto risco se coloca na possibilidade de re-contágio do HIV, o que dificulta em muito o tratamento e tem impacto negativo na qualidade de vida.

Ø O que sabem os incentivadores e praticantes do bareback sobre os efeitos colaterais dos medicamentos a curto e largo prazo. A lipodistrofia, (acúmulo de gordura em determinadas partes do corpo), que pode ocorrer devido ao uso dos medicamentos, se configura como uma preocupação para eles?

Colocar-se frente a possibilidade de contagio do HIV através da prática do bareback traz consigo motivações psicológicas que podem ir do sadismo ao masoquismo. A idealização de uma relação sexual mais livre, com um maior contato íntimo e afetivo poderia estar encobrindo uma idealização suicida que começa com o contágio por um vírus e pode ter continuação na idéia de que o medicamento não permite a livre expressão do organismo, ou que os exames, as consultas médicas e a busca mensal de medicamentos tem impacto negativo no seu bem-estar.

Apodere-se do seu corpo, ele único e te pertence. Informe-se , reflita, pense e decida o que você quer e deseja para a sua vida, é uma decisão exclusivamente sua, assim como as conseqüências.

Paulo Bonança C.R.P 05-30190Psicólogo e Sexólogo Diplomado em Sexualidade Humana pela Universidade Diego Portales- Chile- Autor da Tese “A AIDS entre os homossexuais; A confissão da soropositividade ao interior da família”.Membro da SBRASH (Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana) Rio de Janeiro, Copacabana (21) 2236-3899, 9783-9766www.paulobonanca.com paulopsi2000@yahoo.com.br

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Como falar de sexualidade com meu filho?


Como falar de sexualidade com meu filho?
Autor: Psicólogo e Sexólogo Paulo Bonanca
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Uma das dificuldades freqüentemente relatadas pelos pais com respeito à educação e orientação de seus filhos esta relacionada com o tema da sexualidade. Que fazer frente às perguntas ou comportamentos dos filhos, o que dizer? O que não dizer? Como dizer? Isto é esperado ou normal para a idade do meu filho? Como conversar sobre o tema? Enfim, pais frente a muitas perguntas, muitas angustias e poucas ferramentas para enfrentar o tema.

A falta de informação, ou a dificuldade de como transmiti-la na maioria dos casos, guarda relação com a própria forma em que os pais se enfrentaram ao tema da sexualidade como filhos. Nas famílias onde o tema da sexualidade foi um tabu ou trabalhado de maneira indireta, não entregou aos hoje pais uma experiência onde se apegar, uma referencia de conduta, uma pauta ou um roteiro mais ou menos conhecido a seguir.

A sexualidade, como parte constitutiva de todos, está e estará presente em suas varias formas e representações nas mais diferentes áreas da experiência e existência humana, tais como, corporal, emocional, social, religiosa, moral, ética e nas relações que os filhos estabelecem com os pais, irmãos e outros membros da família e da sociedade em geral. A sexualidade humana é ampla e abarca muito mais que o genital ou biológico.

Ser pais, também é assumir que após a concepção, nossos filhos estão fadados ao crescimento, a curiosidade e a descobrirem o mundo e a sociedade em que vivem, nossa função frente a este processo é acompanhá-los, buscando e entregando as informações numa linguagem que a criança possa compreender, de acordo a sua idade e também de acordo ao seu grau de curiosidade.

Educar é instruir, é assumir os filhos por inteiro, completos, e a curiosidade sobre o tema da sexualidade são sadios e esperados, faz parte da expansão do mundo da criança, a necessidade de saber da criança é parte de seu desenvolvimento normal. Ao enfrentarmos o tema de modo natural, mesmo que isto implique dizer a criança que como pai este tema não é fácil, mais que vai fazer o melhor para responder a pergunta, se mantém os canais de comunicação abertos e desmistifica o tema da sexualidade como um tabu dentro da casa.

Os pais podem trabalhar os temas partindo da própria curiosidade e interesse da criança. A chegada do irmãozinho, primos ou novos amiguinhos atraem a atenção deles e geralmente se convertem em perguntas, assim como, o nascimento de um animal de estimação ou a visita ao zoológico.
Ao responder as perguntas se abre a porta ao dialogo e a criança se tranqüiliza, o que vai permitir dialogar sobre outros temas relacionados à sexualidade e a prevenção, permitindo no futuro a criança poder entender ate a diferença entre um carinho apropriado e um não apropriado, seja de um desconhecido ou não, a demais de poder se defender e informar aos pais sobre a situação. A porta aberta permite a fluidez da informação para ambos os lados, o que é fundamental para a família nos dias atuais.

Paulo Bonança C.R.P 05-30190 Psicólogo e Sexólogo

Diplomado em Sexualidade Humana pela Universidade Diego Portales- Chile-

Autor da Tese “A AIDS entre os homossexuais; A confissão da soropositividade ao interior da família”.
Membro da SBRASH (Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana)

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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Família e HIV-AIDS, derrubando a discriminação


Família e HIV-AIDS, derrubando a discriminação
Autor: Paulo Bonanca Psicologo e Sexologo

Desde a sua identificação em 1984, o vírus causador da AIDS “Síndrome de Imunodeficiência Adquirida” vem sendo estudado e combatido com firmeza pela ciência. Na atualidade o portador do vírus HIV “Vírus da Imunodeficiência Humana”, encontra na terapia anti-retroviral um aliado, que se por um lado não consegue eliminar o vírus do organismo, coloca o soropositivo “pessoa que vive com o vírus HIV” na situação de portador de uma enfermidade crônica tratável.

Infelizmente, mesmo com os avanços obtidos no tratamento e com os meios de contágios identificados, a sociedade continua a evitar o soropositivo como se o mero contato social fosse capaz de transmitir o vírus, o que infelizmente coloca a pessoa portadora do HIV frente a dois desafios: um seria manter o seu estado de saúde e por outro lado lutar contra o preconceito e a discriminação da sociedade que ainda confunde a evitação do vírus com a evitação do portador do vírus, como se pessoa e vírus fossem a mesma coisa, fundidos em um só estado de existência e identidade.

Devido ao choque que pode causar o diagnostico positivo para o HIV dentro da família, algumas pessoas escondem seu estado de saúde, na maioria dos casos por medo a uma reação negativa por parte dos familiares. Por outro lado o apoio da família afeta de maneira positiva a auto-estima, a autoconfiança e a auto-imagem do soropositivo e trás benefícios ao tratamento, fortalecendo o sujeito e o preparando para dar continuidade a sua vida, já que ser portador do HIV não é motivo para aposentadorias, trancamento de matriculas de estudo, abandono de atividades sociais, entre outros.

A aceitação do sujeito e a troca de informações dentro da família geram um apoio emocional que fomenta a adesão ao tratamento e diminui o nível de estresse, que tem influencia direta na ação do sistema nervoso central, que é responsável pela ativação das defesas do organismo e, sobretudo possibilitam a expressão de emoções e sentimentos que são comuns às pessoas de diagnóstico positivo para o HIV, tais como, a depressão, a culpa, a raiva a negação. A família surge então como um espaço de proteção e contenção, tanto físico como emocional.

A família bem informada sabe que o vírus HIV não se transmite no contato social, ou seja, através de ações comuns do dia a dia. Se você convive com uma pessoa soropositiva, saiba que o vírus não se transmite através do uso de copos, talhares, pratos ou outros objetos que se utilizam para a alimentação. A utilização do mesmo vaso sanitário, chuveiros, bancos, cadeiras não coloca os familiares em contato com o vírus. Beijo, abraço, suor, lagrimas, tosse, espirro intercambio de roupa não se meios de contagio. A demais é fundamental que os familiares se informem sobre as características do HIV, do aceso gratuito aos exames e tratamento no sistema publico de saúde, assim como dos efeitos colaterais dos medicamentos.

Se você tem um portador do HIV na sua família, ame-o, respeite-o, o que mudou nele foi a sorologia, um aspecto do seu sistema imunológico, não seu caráter, sua identidade ou sua forma de amar os seus familiares. Não deixe que o preconceito e a discriminação falem mais alto que o amor e a amizade, as doenças são parte da vida, assim como a alegria e a saúde, e lembre-se existe tanta dignidade na saúde como na doença. A doença não é a representante do lado escuro da vida, é um aspecto dela, nem mais nem menos que isto.

Paulo Bonança C.R.P 05-30190
Psicólogo e Sexólogo
Diplomado em Sexualidade Humana pela Universidade Diego Portales- Chile- Autor da Tese “A AIDS entre os homossexuais; A confissão da soropositividade ao interior da família”.
Membro da SBRASH (Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana)
Rio de Janeiro, Copacabana Telefone: (21) 2236-3899, 9783-9766
paulopsi2000@yahoo.com.br

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Sexualidade e Tabu na terceira idade


Sexualidade e Tabu na terceira idade
Autor: Paulo Bonança Psicologo e Sexologo
http://www.paulobonanca.com/

A sexualidade humana sempre tem sido e sempre será um vasto campo de possibilidades, dentro dele podemos definir a satisfação sexual entre três aspectos: o biológico o psicológico e o social, que se unem e se nutrem, em uma incansável busca de sensações, percepções, desejos, atos, idealizações, formalizações e controles. Em seu conjunto, o comportamento sexual é uma das expressões mais variadas e complexas do ser humano.

O desejo como parte intrínseca do homem como gênero humano, não explicita suas motivações, nem filosofa sobre a configuração e eleição do seu objeto de prazer, é atemporal, vincula-se entre o passado e o futuro, se atualiza no presente, como motor e aditivo dos mecanismos da busca da satisfação.

Nascemos como sujeitos sexuados e desfrutamos do sexo/sexualidade de maneira diferente de acordo com a etapa de nossa vida, mas infelizmente a sociedade como um todo, e as pessoas de modo individual, tendem a pensar que o sexo/sexualidade pertencem ao mundo dos jovens, relegando os indivíduos da terceira idade ao amor platônico ou a abstinência sexual. Este tipo de preconceito cumpre a função de freio à sexualidade, estabelece um tabu e ignora o fato de que podemos ser sexualmente ativos, dando e recebendo prazer durante toda nossa vida, de maneira diferenciada sim, mas não menos prazerosa. É fato que a maioria das pessoas apresenta uma diminuição das atividades sexuais, o que não significa um decaimento da capacidade de amar, de ter, dar e receber prazer.

Os atuais avanços da medicina, da qualidade e longevidade de vida, assim como a convicção acertada de que a sexualidade não esta vinculada ao número de primaveras vividas, coloca hoje os cidadãos da terceira idade (ou da melhor idade), na situação de sujeitos que desejam, que se permitem desejar e que são desejados. Pesquisas atuais indicam que qualquer indivíduo saudável pode ser sexualmente ativo independente da idade, e que a atividade sexual faz bem a saúde tanto física como mental, além de ter um impacto positivo na qualidade de vida.

Paulo Bonança C.R.P 05-30190

Psicólogo e Sexólogo Diplomado em Sexualidade Humana pela Universidade Diego Portales- Chile- Autor da Tese “A AIDS entre os homossexuais; A confissão da soropositividade ao interior da família”.Membro da SBRASH (Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana) Rio de Janeiro, Copacabana

Telefone: (21) 2236-3899, 9783-9766

paulopsi2000@yahoo.com.br

Poder, anormalidade e homossexualidade


Poder, anormalidade e homossexualidade
Aportes de Kinsey e Foucault

autor: Paulo Bonança Psicologo e Sexologo

Este artigo, é uma homenagem a dois grandes guerreiros modernos, que a seu tempo e de seu modo contribuíram para a visão que temos hoje, sobre a sexualidade humana e a seus atuais seguidores.

Um dos primeiros estudos modernos, sobre a homossexualidade como fenômeno socialmente significativo, que recebeu destaque nos meios acadêmicos foi o realizado pelo biólogo e sociólogo americano Kinsey, nos Estados Unidos entre 1948 e 1953. Em 1948, Kinsey publicou o primeiro relatório sobre o comportamento sexual dos homens, seguido pelo de mulheres em 1953. Os resultados das pesquisas descritos nos “Informes Kinsey”, trouxeram a luz pública dados considerados inimagináveis à sociedade americana puritana da época. Um deles foi a descoberta de que 92% dos homens e 68% das mulheres que participaram da investigação, afirmaram que se masturbavam ou que já tinham se masturbado, esta informação surpreendeu o mundo e os americanos.

Com relação ao objeto erótico afetivo da população masculina incluída no estudo, 50% relataram manter relações sexuais exclusivamente heterossexuais , 46% afirmaram ter tanto relações heterossexuais como homossexuais, 4% dos participantes afirmaram manter relações exclusivamente homossexuais, este último grupo foi definido por Kinsey como “homossexuais absolutamente homossexuais”.Obs: com relação a porcentagem de homossexuais, estudos atuais estimam que entre 5 a 10 % da população mundial seria composta por homossexuais.

As conclusões de Kinsey, apontaram que a homossexualidade seria uma variação natural da expressão sexual normal do ser humano, e que não estaria relacionada a aspectos psicopatológicos, além de que todas as pessoas seriam capazes de responder eroticamente a estímulos sexuais provenientes de pessoas do sexo oposto ou do seu mesmo sexo. Para alguns, Kinsey é considerado um sábio que demonstrou a hipocrisia reinante na época, e colocou os holofotes sobre o tema da repressão sexual. Para outros, ou seja, seus detratores (e eles ainda existem), ele seria um dos responsáveis pelo decaimento da moral e bons costumes reinantes na atualidade.

Sobre a discussão científica e social acerca da normalidade ou anormalidade da sexualidade humana, outro detrator da repressão sexual, o filósofo Francês Michael Foucault afirma que a sexualidade humana, através da história, esteve sob a suposta ameaça de ser dominada por processos patológicos, o que teria levado as ciências e a religião a intervir, atuando tanto a nível de prevenção como de cura e normalização. Dentro deste processo a igreja católica, as ciências médicas e a sexologia definiram a homossexualidade como uma patologia, um desvio da conduta sexual normal, buscando deste modo mudá-la para a heterossexualidade dominante.

Foucault afirma, que o poder social estabeleceu e ainda estabelece os limites entre o normal e o patológico, o racional e o irracional ,assim como do sano e o insano, seria um poder normalizador, que exclui o que não se enquadra dentro dos parâmetros formais de normalidade. Este poder social/normalizador teria suas bases no complexo saber/poder, ou seja, um vínculo direto entre o saber e o poder, em uma relação que potencializa o saber na sua busca da normalidade, e que esta normalidade seria uma ferramenta de dominação. Segundo Foucault, devido a este poder normalizador/dominador podemos observar através do tempo como as pessoas foram (e continuam sendo) julgadas, classificadas, condenadas, obrigadas a viver de um certo modo e até a morrer por não desistir de suas convicções.

Normalidade sexual

Não é fácil definir onde está localizado o limite entre a sexualidade humana normal e a anormal, já que estes conceitos estão mais relacionados a atitudes sociais do que a dados científicos. Alguns autores afirmam que os conhecimentos científicos que temos a respeito do tema ainda são inconcretos, e seria um erro tentar definir rigidamente a normalidade sexual. Com relação à saúde mental dos homossexuais, eles podem não ter nenhuma dificuldade psíquica e estar perfeitamente adaptados ao trabalho e a sociedade, ou por outro lado, apresentar uma ampla variedade de transtornos psíquicos exatamente igual aos heterossexuais. A perseguição e repressão da sociedade aos homossexuais, fariam uma parte da população deste grupo sofrer de distintos graus de neurose, mas estas não teriam relação com a orientação sexual, mas sim com a dificuldade que representa ser homossexual em nossa sociedade.

Paulo Bonança C.R.P 05-30190Psicólogo e Sexólogo Diplomado em Sexualidade Humana pela Universidade Diego Portales- Chile- Autor da Tese “A AIDS entre os homossexuais; A confissão da soropositividade ao interior da família”.Membro da SBRASH (Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana) Rio de Janeiro, Copacabana Telefone: (21) 2236-3899, 9783-9766 http://www.paulobonanca.com/
paulopsi2000@yahoo.com.br